terça-feira, 30 de setembro de 2008

O tempo não para

O que seria da perda, se não fosse o ganho. As lições que aprendemos com a perda não são ditadas em nenhum outro lugar sem ser onde tempo e o espaço se encontram deixando o vazio.
A gente cresce ouvindo que só dará valor ao que se tem quando se perde... Passei a dar um pouco mais de valor às coisas participando das perdas dos outros. Nunca perdi ninguém que realmente tivesse um grande significado para mim.

Das pessoas que se foram a minha volta, somente um tio querido, Hélio. Era como meu avô. Paciente, carinhoso, divertido... Na hora a dor, hoje saudades.

Costumo dizer que não sei se é bom ou ruim ter os quatro avós. Ninguém tem hoje em dia! Eu conheci todos e tenho todos até hoje. Alguns meio aos "trancos e barrancos", mas aqui. Cresci com eles, ouvindo suas histórias... sempre tive muito carinho e respeito. Sei que vão me fazer muita falta quando partirem. Mas é aquela velha história do valor que se dá quando se perde...

Sei que poderia fazer muito mais por eles. Mas não sei porque não faço. Talvez uma tentativa vã de adiar o momento da separação, nunca querendo encarar de frente a verdade dos fatos. Como diz uma tia minha: " O alto escalão é a bola da vez".

A gente até brinca com essas coisas mas parar pra pensar da medo, vontade de chorar. Na verdade só é inevitável pensar quando eles estão doentes ou quando um amigo perde um dos seus. É quando o start acende e diz: podia ser o seu!

Sempre penso neles primeiro e esqueço dos meus pais. Ainda tenho aquela sensação infantil de que pai e mãe são pra sempre. A gente não vê eles envelhecendo... eles não nos vê crescendo. Só na dificuldade é que podemos notar. Hoje falamos de igual pra igual. A diferença, por segundos, desaparece.

Perdi uma prima jovem, tinha a mesma idade da minha mãe, mais ou menos. Nesse dia me dei conta do tempo que nos resta. Do valor que ela tem. Do quanto tenho que aproveitar sua companhia enquanto está ao meu lado.

A gente faz planos contando com eles... Sem perceber que o tempo é cruel... escorre pelas mãos.

As vezes, ouço uma música e choro de saudades... de um lugar... de um tempo... de alguém... Sou tão apegada as coisas que tive... tão saudosista... que tenho até preocupação sobre a minha passagem. Acho que não será fácil.

Quer saber a verdade? Eu não tenho medo da minha morte e sim daqueles que amo. Nunca soube muito bem conviver com a perda de alguém. Acho que não fui treinada pra isso... ou nunca tive muita maturidade.

Minha mãe sempre diz que quando era nova tinha medo de perder seus pais. Mas quando vieram os filhos, esse medo passou a ser um entendimento. Com certeza ela sentirá uma profunda tristeza no dia em que eles se forem. Mas o amor transformará dor em saudade. E nós, os filhos renovaremos o sentido que damos a sua vida.

Uns vão, para dar lugar ao outros que estão por vir...

Um dia ela será avó e assumirá o lugar de sua mãe. Uma avó tão boa quanto foram as minhas duas avós. E meu pai se revelará um grande avô... É o tempo passando...

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